quarta-feira, 12 de março de 2014

Sintomas de um show

Sábado, 12 de Março de 2005, acordei mais cedo do que de costume para mim em um final de semana, mas não estava conseguindo mais ficar na cama, e rolar por todos os lados só ajudava aumentar ainda mais minha ansiedade, porque a noite toda tive insônia, afinal não é todo dia que se tem a chance de ver seus ídolos baterem na sua porta, ainda mais quando eles são de outro país.
Bem, como estava dizendo, nesse dia acordei cedo, tomei meu chocolate quente, (porque não gosto de café) me troquei e fui logo ligando o rádio para ir aquecendo para o show a noite, mas isso não adiantou muito, fiquei mais agitada e naquele dia tudo estava tão estranho, a atmosfera com que as horas pareciam passar era muito mais rápido do que o normal e logo que terminei de escutar o rádio fui almoçar, mas a comida não descia bem, minha mãe tentava me acalmar, mas era em vão, não funcionava.
Então chegou a hora de sairmos para ir até o Jockey Club, o local do show. Pegamos o ônibus e chegando próximo do lugar quase passamos do ponto de descer, nós não conhecíamos essa parte da cidade muito bem (por coisa do destino talvez, eu iria estudar na faculdade atrás do Jockey Club, quatro anos depois. E todas as manhãs indo para a faculdade ao passar pelo local do show, eu sempre lembrava esse dia), chegamos umas duas ou três horas antes de abrir os portões, cheguei com folga, mas soube que a primeira garota da fila chegará de madrugada, eu bem que queria ser a primeira da fila e chegar de madrugada, mas minha mãe nunca deixaria, segundo ela isso é muito perigoso, por fim os portões se abriram e todos começaram a correr para conseguir o melhor lugar, bem não posso reclamar eu fiquei bem perto do palco, a quantidade de pessoas não era muito grande nesse show.
As luzes se apagaram e anunciaram a banda de abertura, a maioria das fãs aplaudiu, mas outras torceram o nariz e começaram a gritar “queremos ver os Hanson!”, a tal banda tocou a última música, acho que não fui a única que pensou “Puxa! Agora é o grande momento”, mas a hora do Hanson subir no palco levou uma meia hora infinitamente longa.
Agora as luzes se apagaram novamente e a voz anunciou “Senhoras e senhores, com vocês Hanson!”, pronto aconteceu um terremoto nesse momento, todas as garotas gritavam tão alto que parecia turbina de avião levantando voo e claro que eu também gritava que nem uma louca, os meninos no palco sorriam e então começaram a primeira música (no total de 15 que durou uma hora e quinze minutos cravados no relógio).
Durante todas as músicas e todas as brincadeiras da banda com as fãs (até jogar água mineral, por causa do calor que fazia), para mim parecia que tudo aquilo era um sonho e que a qualquer hora eu iria acordar com o despertador para ir a escola, mas quando olhava tudo e todos e olhava minha mãe cantando também, eu me sentia tão feliz, meu coração batia tão rápido, minhas pernas tremiam e ficavam amortecidas de repente, mas não dei tanta importância para o estado em que meu corpo correspondia a tudo aquilo, tudo o que me importava no momento era gritar e cantar, afinal é para isso que se vai a um show.
E eu devo confessar que quando chegou a última música, eu comecei a chorar e aquela dor de estômago (borboletas), aquele arrepio do começo voltaram, mas tinha que ser assim, não é? Tudo que começa tem que acabar uma hora, mas tente dizer isso a alguém que esperou nove anos para ver seus ídolos de perto, não funciona.
É o show acabou, todos começaram a sair do local daquela noite mágica inconsolados, eu sentia por ter que ir embora de lá, mas fui me acalmando até chegar no ponto de táxi e perceber que estava surda e tudo fazia eco na minha cabeça, minha mãe também sentia-se igual, voltamos para casa e no dia seguinte eu estava sem voz e surda ainda, mas com certeza muito mais feliz por ter realizado o sonho de conhecer os meus maiores heróis da música, Hanson.

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